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Cansativa Rotina, o outo lado não dito da maternidade



Pensar nesse tema, por vezes me entristece, pois nesses últimos meses tenho vivenciado muitas inquietações referentes a isso.  O cansaço já me toma e não consigo falar muita coisa. Amanheço com certo ânimo para fazer muitas coisas, achando que vou dar conta do pequeno e tudo que preciso fazer. A rotina diária da casa é só comigo, tento fazer o mais rápido possível (mas, na verdade sempre faço por cima). Acordo, entretenho o baixinho enquanto tomo o café, arrumamos a casa juntos , ele sempre está coladinho comigo para todos os cantos que vou,  logo tenho que pensar na fruta, no fazer comida para nós dois (esse momento é delicado, é sempre difícil cozinhar e entreter o pequeno. Ele sempre está ali, descobrindo os armários que guardo coisas possíveis dele mexer).  Ajeitar tudo, sonecas, mamadas, trocas, suco, fruta, roupa pra lavar. Ao acordar sempre reservamos um passeio gostoso...   E quando vejo o tempo já voou, logo o marido está em casa e eu já tenho que aprontar  a janta e o banho do pequeno. Bom, depois da batalha toda, chega a hora do delicioso e finalmente soninho da noite, e penso que ficaram tantas coisas por fazer. Daí preciso de um fôlego a mais... é hora de tentar estudar. Digo tentar porque é uma batalha comigo. As letras do livro parecem comer minha cabeça e eu quando me vejo já estou fechando os olhos e pensando em outra coisa. Tem sido muito angustiante tentar, tentar e morrer na praia... Por vezes, só quero curtir, olhar outras coisas na net, escrever no blog, namorar .  Além disso, gostaria de ter um tempo só pra mim, fazer mesmo algum exercício, não fazer nada...
Minha inquietação com o não conseguir estudar tem tomado minha cabeça e uma angustia me abafa o coração. Recentemente consegui entrar num programa concorridíssimo e fui abençoada com uma bolsa do CNPQ (para alegria do meu coração que não conseguia mais dividir o Caetano com o trabalho da prefeitura). Foi uma alegria pensar que estudar e conciliar a educação do pequeno era possível.  Eu e o maridão não queremos colocar o pequeno numa creche porque acreditamos que esse é um momento necessário com os pais e imprescindível para sua vida futura, queríamos acompanhar sua trajetória, ademais essa decisão também decorreu das nossas experiências. Eu e o marido somos educadores e, nesses anos, percebemos  coisas que acontecem nesse espaço  que não gostaríamos que nosso pequeno sequer vivenciasse um terço disso. Institucionalizar a educação básica tem sido nosso questionar  diário, a maneira  como isso é conduzido nos angustia. Bom, por fato batemos o martelo e decidimos nos revezar o máximo com o Caetano.  O fato é que se fosse só casa e Caetano acho que estaríamos dando conta. A questão é que minha vida com os estudos está completamente dificultada. E eu, estou cada dia mais angustiada, sobretudo, quando existe um voto de confiança do meu orientador, da universidade que me financia, da minha família que valorizara muito esse resultado de aprovação. O fato é que não estou dando conta, livros não lidos, artigo por fazer, nem sequer norte da pesquisa consigo ter...
Escuto algumas pessoas “mas, ele não está na creche?” , “ Acho que isso é inevitável!”... Para meu desespero me pego pensando “é, talvez seja”; é como assinar minha incompetência de mãe que agora “terceiriza  a educação do filho” para ter um tempinho para fazer o seus estudos.  Isso tem me feito realmente tão mal que nesses meses surtei, pirei,  e o resultado não poderia ser diferente: uma mastite que apareceu e que me resultou  num batalhão de remédios, antibióticos inclusive. Eu, que fujo disso, tive que aceitar após ouvir a médica dizer a coisa está séria e mais um pouco não escaparíamos de uma cirurgia...  Pois é, entendi que essa bendita mastite me alerta: “as coisas estão em desarmonia e você já perdeu o total controle”.  Sinto que é o Stress e o  cansaço  que me levaram a esse quadro.
Toda vez que coloco a cabeça no travesseiro, penso amanhã vai ser diferente e não consigo sequer mudar alguma coisa... Já pensei tomar alguma coisa que me mantivesse acordada para estudar, mas sei o quanto isso é autoflagelar... Amamento o meu pequenino e preciso estar bem para ele diariamente...
Não quero que pense, caro leitor, que esse “peso” é maior que a felicidade com o pequeno. O que faço é assumir o outro lado da maternidade, o lado um tanto obscuro e não dito. É doido isso, mas cada vez que ele corre e me abraça sinto minhas forças revigoradas e penso ”estou no caminho certo”. Toda vez  que vejo a sua felicidade estampada no rosto penso “o que vale mais a vida do que esse belo sorriso?”. Logo, todo meu desespero se vai – o cansaço não, é claro- e vejo quão bom é estar pertinho dele diariamente.
Penso que eu estive presente nas suas primeiras engatinhadas, penso que estávamos com ele no seu primeiro passinho, que seguramos na sua mão diariamente e que posso dar toda a segurança que ele precisa. Eu sei que hoje a minha vida é esse pequeno e que tudo o que eu fizer será para contemplar ainda mais a sua vida...
Um dia escutei “aproveite tudo, porque tudo passa, esse cansaço passa...”.   Enquanto isso, quando o desespero bate só me resta olhar para esse menino e agradecer os Céus pela dádiva da maternidade, pela dádiva de ter conquistado esse espaço para prosseguir com meus estudos e revigorar minhas energias.

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