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Marcha Nacional do Parto Domiciliar, eu estava presente...


No último sábado, eu, maridão e o pequeno, fomos orgulhosamente participar do movimento Marcha Nacional do Parto em casa. O maridão com voz alta cantando (para meu orgulho), o pequeno olhando e dançando com a música e eu com uma bandeira gigante na minha mão dizendo "o parto é da mulher". Um arrepio, um olhar diferenciado, uma forte emoção tomou conta. Como foi bom poder participar de um ato tão representativo, tão importante que é o nosso direito de escolher o local de parir um filho. No post anterior (clique aqui) eu relatei o quanto fui abençoada por ter podido escolher e abraçar essa idéia. Nossa família lembra-se de cada instante e sabemos o quanto isso nos modificou internamente.
Meu pequeno talvez nem soubesse o que acontecia nessa multidão, mas certamente um dia saberá que estávamos em família unida por essa causa.
Um dia eu pude escolher (e pretendo escolher novamente) as pessoas que estavam comigo nesse momento tão sagrado, pude escolher o local, pude escolher a maneira, pude escolher todos os detalhes, pude abraçar essa escolha mais intensa das nossas vidas. E hoje, o que vejo são mulheres e famílias inteiras brigando bravamente por esse direito: elas podem escolher ser no hospital, em casa, de cócoras, na banheira, de cesárea, o que for... Mas, elas querem ter os seus direitos garantidos.
Fiquei muito emocionada em saber que há um ano eu era “a doida” da família, e o que vejo é um o mundo de doidos também, assim como eu...

Agradeço muito esse movimento que me fez perceber quão bom é poder SONHAR!
Sonhos são Atos, sonhos é ação, todo esforço vale apena!

Olha A Marcha em Florianópolis...






Por que escolhi um parto domiciliar? MARCHA NACIONAL DO PARTO EM CASA



Imagem por Ligia Moreiras Sena 


É impossível não revoltar-se com os últimos boatos acerca do parto domiciliar e todos os medos que enganosamente fazem a fim de amedrontar e amordaçar as possíveis escolhas das gestantes e futuras mães. Até então, escutei calada pensando “é uma pena que pensem assim”. Na verdade me revolta os ditos sem fundamentos, o “mito” que se criou da imagem de quem opta por esse parto. Só quem decide e vivencia isso pode dizer as bênçãos consagradas desde o momento da escolha até o nascimento- pensando bem, os resultados são refletidos depois do parto.
É uma pena que as pessoas julgam e condenam sem sequer dar o direito de defesa. Chegamos até aqui e o que vemos é um prelúdio de Nando Reis que diz o “O que está acontecendo? O mundo está ao contrário e ninguém reparou”.
Foi assim, pensando num mundo mais humano e mais condizente com ideais de amor e de respeito, que mergulhei nessa sabedoria de receber um filho no meu recanto mais sagrado: meu lar. É o canto que consumamos o pequeno Caetano, é o nicho da nossa sagrada família, é o nicho que empregamos a nossa paz, os nossos sonhos e o nosso amor.
Sempre tive medo de hospital, um local de enfermos, de angustia, sempre achei o tratamento muito impessoal de causa-efeito. Não sou contra a ciência, aliás, creio que devemos utilizá-la ao nosso favor. Quando optei por um parto em casa, jamais negligenciei a ciência e todo conhecimento advindo dela, reconheço todo saber produzido, mas creio que é preciso questionar a maneira como utilizamos esses saberes. É impossível não observarmos o aumento dos índices de cesáreas- na maioria das vezes realizada desnecessariamente, é impossível não observarmos as violências obstétricas envolvidas nesse momento, é impossível não se assustar com tal tratamento. As práticas inquestionáveis nesse momento do parto me angustiavam. como a aplicação de ocitocina, analgesias e até mesmo a escolha da posição para parir (na sua maioria das vezes,  na posição horizontal). O tratamento com a parturiente também me incomodava: principalmente o não respeito do tempo necessário para o trabalho de parto – aliás, nesse instante, via-me como um “relógio ambulante”, assim, era preciso que meu corpo se adaptasse ao tempo que os ponteiros me ditavam, via-me como um número, afinal, para enriquecimento da clínica, tem mais um monte de gestantes na fila esperando por uma vaga na sala de parto. Incomodava-me com a falta de cuidado com a parturiente e o bebê no trato com a placenta desde a sua saída até o destino dela.  Quando pensava no bebê logo após nascer, amedrontava a ideia do não contato pele a pele, do afastamento quase que imediato para medições e banho. Mais uma vez, o “número” perseguia a mim e o pequeno Caetano, numero do quarto, número da pulseira- ah sim, em formato de código de barras – números de pontos no meu corpo. 
Os medos não me intimidaram, os desejos me impulsionaram. O QUE O CAETANO QUER VER QUANDO NASCER? QUE MUNDO QUER TER PARA ELE? Foram as perguntas que recebi durante a minha gestação e, impulsionada por tais perguntas, fui buscar mais informações acerca da melhor maneira de receber meu filho – importante: digo, “melhor” para a nossa decisão, para os outros o hospital pode representar o espaço de maior conforto e segurança, mas o que enfatizo é que eu estava abraçada com as minhas próprias escolhas. 
Escolher e responder por elas também faz parte do jogo. Fui tachada de louca, “hipponga”, de copiar a moda de Gisele Bündchen e de inconseqüente. Confesso que foi um tanto cansativo pesquisar e dar satisfação dos motivos que me faziam escolher “assim ou assado”, porque as pessoas não ouvem, as pessoas julgam sem dar direito de defesa...
Mas, o direito estava comigo e queria fazer bom proveito dele.  O corpo era meu e a maneira de colocar o Caetano ao mundo era escolha nossa (minha e de meu marido).
Escolhi meu lar rodeado de pessoas capacitadas para realizar o meu parto. Sim, eram cantos femininos experientes, estavam quatro enfermeiras, minha obstetra e uma doula. Ou seja, creio que consegui estabelecer uma relação do sagrado com a ciência (e quem disse que isso não era possível?). Usufruí dessa experiência das mulheres que ali se colocavam para encontrar em mim um potencial de parir. QUERIA PARIR, com todos os direitos de bicho mamífera, que se recruta num canto, que uiva, que morde, que ri, que come, que dança, que dorme... QUERIA PARIR com o meu cheiro, com o nosso encanto, com as músicas que escolhemos. QUERIA parir, sobretudo, sendo a protagonista, a dançarina que ali embalava uma linda coreografia da consagração ao nascimento. PARI na água porque sempre encontrei nela o meu refúgio, o meu descanso. Pari de cócoras, porque vi em mim uma índia guerreira que clamava um menino Terra nesse universo. E o mais emocionante: Pari com meu marido e minha família, todos entoando o mais doce canto. Fui assistida por eles e reconheci neles a minha própria força de bicho fêmea. Ao invés de “máquina relógio” me senti a Artista de tudo isso, encontrei em mim a mulher que jamais teria conhecido. 

Foi esse o mundo que o Caetano encontrou. Foi essa mãe que nasceu naquele instante.
Só queria um mundo mais digno de amor...

 É por isso que estou nesse ato, são cerca de trinta cidades brasileiras juntos nessa caminhada: A Marcha Nacional do Parto em Casa. Estaremos juntos numa manifestação lutando pela não perseguição dos Médicos que apoiam o parto domiciliar.


Estaremos juntos, sobretudo, para reivindicar o nosso direito de escolha...


Em Florianópolis será dia 16/06, às 15 horas na Praça da Lagoa
Segue abaixo Maiores informações:


Link do evento em Florianópolishttps://www.facebook.com/events/134588260011843/





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