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Muitas transformações: nosso pequeno agora com sete meses



Zulei Fotos
 
Como é bom retornar ao mundo do meu Caetano novamente...
Estive muito ausente, nesse mês muitas coisas aconteceram e eu fiquei numa correria que só Deus sabe.  Mas senti muita falta de expor os muitos acontecimentos que se deslancharam com o Caetano e com a nossa família.
Caetaninho agora está numa evolução muito rápida, o tempo parece me atropelar. Cada momento nosso coração se alegra com tamanha energia que o bichinho nos transmite. Nos últimos dias o seu sorriso tem se tornado mais encantador e muitooooo aberto, seu olhar cada dia mais profundo, é incrível como é observador.
Nesse longo tempo, vivemos algumas coisas juntos é impossível não relatar. Tentarei lembrar os detalhes.
 Primeiramente consegui superar o momento de separação dele, voltei a trabalhar no dia sete de novembro e, desde lá, a vida ficou uma loucura. Achei que não ia agüentar, era muito difícil vê-lo dormindo e eu ter que sair sabendo que, quando acordasse, eu não estaria ali. Foi um momento muito difícil, mas conseguimos transpor esse monstro da ausência. Por outro lado, fui recepcionada com muita alegria no Núcleo de Educação Infantil, local que trabalho. Recebi muito apoio nesse momento tão impar da minha vida, como é bom ver os sorrisos e os carinhos de todas as crias comigo. Isso me alimentou diariamente.  A via sacra de estocar leite foi uma loucura, realmente me senti a “vaca ordenhando”, leite e mais leite para o bichinho poder ser sempre alimentado com o melhor alimento. Isso também me deixou feliz, poder saber que consegui manter o nosso vínculo.
O maridão me deu muita tranqüilidade e foi um pai excepcional, no início esteve com medo, afinal era a primeira vez que Caê estava sem a mãe. Mas, pegou firme e conseguimos curtir também essa nova fase. Eu ia para o trabalho sabendo que agora o Caetano vivia intensamente o seu pai, e isso era muito bom para ele.
Nas três ultimas semanas, fui muito abençoada pela visita da minha mãe, minha estrelinha que muito me ajudou nesse instante tão difícil. Poder ir trabalhar e saber que Caetano estava com ela tranqüilizou a minha alma e fez olhar para minha família com outros olhos. Minha mãe, pecinha rara que deixou tudo (marido, filha, neto, genro, cachorros,  trabalho...) e veio com toda a alma disposta a nós. Foi lindo! Caetano reforçou laços, aprendeu coisas e riu muito com a vó maluquinha que ganhou. Ela foi tudo para mim! Com ela, ele aprendeu a imitar o seu próprio choro, abrindo e entortando a boca e emitindo o som “ahhhhhh”, muito engraçado. Aprendeu a bater palminha na mão dela e abria um sorrisão ao escutá-la cantar “És um senhor tão bonito, quanto a cara do meu filho, Tempo Tempo Tempo Tempo....Vou te fazer um pedido...Tempo Tempo Tempo Tempo. Compositor de destinos...”. Vovó também trouxe o aconchego da rede, agora ele dorme no balanço do navio-rede, com direito a ventinho no rosto. Vejo como é importante ter minha mãe ao nosso lado, agora sei que muito do que quero transmitir ao Caetano vem dessa energia contagiante que ela tem.
 O CORPO FALA! Aos poucos Caetano foi se firmando e criando confiança no seu próprio corpo, agora já senta e foi muita emoção ver esse processo. Alíás, O SEU CORPO É O SEU MUNDO! Adquiriu uma confiança que nem sei como. Ele espera nossas mãos, agarra e já se levanta, firma os seus pés e, com ajuda nossa, atira-se para os pequenos passos. Sinto que o MUNDO é dele e logo-logo corro atrás dos dois.
O danado é precoce mesmo, adora se atirar para os livros, vê as figuras atentamente, quer comê-las e escuta eu contar as estórias. Começou com um pequeno livro que ganhou do vovô Beto - peixes, águas vivas, conchas, o mundo do mar-, depois ganhamos uma porção de livros infantis do vovô Edson, livros da minha infância, ele adora todos!  
Seu vocabulário aumentou e sua comunicação já é evidente: “mamá nenê”, já sai pelas madrugas carinhosamente nos chorinhos...
Caetano também já dança com sua própria cabecinha. Ao escutar som meche como quem anuncia um Não – na verdade, ainda temos dúvidas se não é isso mesmo que ele quer anunciar. Ao escutar som ele sorri e meche a cabeça no rítmo da música. Está também com algumas manias bem engraçadas: já faz uma caretinha de cheirinho de gatinho, é puro risos de quem vê.
O dente já parece anunciar a sua chegada, para meu espanto.  Ah, queria que o tempo estacionasse nesse instante, adoro esse sorriso. Já sentimos as famosas febrinhas, diarréias e todos os sintomas que ele trás.
Nesse pouco mais de um mês, tivemos grandes presentes e conquistas em família: minha aprovação no doutorado, melhor presente de natal que poderia receber. É a esperança de poder conciliar os estudos – a minha pesquisa em dança/educação – e cuidar do meu filhote. Caetano crescerá vendo a mãe fazer o que ama não deixando de estar com ele. Agora percebo que a profissão e a maternidade podem andar juntas e não ser coisas opostas uma da outra. 
Caetano também presenciou a alegria da compra do nosso primeiro carro: depois de quase trinta anos – e nesses últimos tempos, muito cansada em esperar muitas horas nos terminais, reflexo do pouco planejamento do transporte público e de qualidade em Florianópolis – era preciso adquirir a independência tanto sonhada. Já fizemos nossa primeira compra de mercado e fomos, em família, correndo colocar no nosso carrinho e ciente de que estaríamos em poucos minutos em casa, pura alegria! Assim que o carro chegou, Caetano não se conteve olhava o carro, movia os bracinhos sorrindo e se atirava em sua direção.  Acho até que Caetano veio como nosso anjo para facilitar algumas conquistas que tanto almejávamos!
Nosso pequeno já degusta as suas primeiras papinhas, momentos divertidos que estamos passando nesse quesito. Eu que nunca gostei de cozinhar, agora desperto para esses dotes. Ele ainda não está totalmente ligado nisso e tenho respeitado o tempo e o jeito do pequeno. Ele parece ainda não estar gostando de frutinhas, mas de papinhas salgadas parece que já está se estimulando.

Dia 22/12, dia que iniciava nossas tão sonhadas férias, primeiras férias de fato e agora com motivo muito especial para comemorar: o nosso pequeno filho. Eis que ele me surpreendeu com mais uma conquista. Na cama, o moleque já arriscou as suas primeiras gatinhadas, foram duas ou três e logo já despencou. No mesmo instante, com os olhos cheio d’água, percebi que tudo está passando muito rápido, que ontem ele havia nascido e quando nem sequer passava tudo isso pela minha cabeça. O danado já quer se aventurar nessa nova maneira de deslocar. Sem contar que ele já vira debruço e desvira por conta e, assim, vai descobrindo todos os espaços da cama que quase fica pequena para seus atrevimentos.









Verão chegando: nada melhor que praia e solzinho. Estamos curtindo esses momentos, saídas, pés na areia, brincadeiras, pés na água. Estou muito feliz de passar nosso primeiro verão com ele. Filho de peixinho, peixinho é....




 
Vai filhote, desliza esses pequenos pés pelo mundo que ele é todo seu, você certamente saberá ser luz nele!










Nosso heroi


Imagens do nosso Pequeno Caetano, seus primeiros ensaios sentadinho! É ou não é nosso HEROI?

Momentos angustiantes





É difícil escrever acerca disso, mas creio que preciso esboçar um pouco desse momento tão difícil que estou vivendo. Daqui alguns dias eu e o meu pequeno Caetano estaremos nos “desligando” por alguns momentos. Sim, esse momento chegou, um momento que sempre temi;  amei vivenciar a minha gestação, parto e esse lindo tempo com o Caetano, mas sempre temi que esse dia chegasse: o retorno ao trabalho.
Sou uma nova Julia transformada por uma vida que brotou em mim, não consigo nem sequer me imaginar longe do meu pequeno. Está sendo muito difícil, mas sei que preciso deixar vir também essas transformações... Recebi de presente uma linda mensagem de um casal da lista que participo, lá eles trazem as mais belas palavras acerca da necessidade de deixar fluir esse momento, de olharmos para o nosso trabalho com gratidão por ele nos trazer a segurança ao nosso pequeno inclusive. “A vida é tão flexível, efêmera e por isso merece ser vivida com toda suprema intensidade de amor, carinho e bem-querer”, são palavras deles.  Tenho desejo de estar tranquila para essas mudanças, mas realmente me sinto nesse MOVIMENTO que a vida nos impõe, por vezes, sem querermos.
Sou muito grata ao meu trabalho que me dignifica como humana, sou professora do Núcleo de Educação Infantil e amo estar com esses pequenos, eles revigoram o nosso estar na terra. Costumo dizer que eles sempre revelam algo de nós.
Mas, não consigo me ver divida... Meu peito está com Caetano, com o seu sorriso, não queria perder nenhum segundo disso. Queria estar com ele em todo o seu despertar, olhar sempre aquele sorrisão de BOM DIA, gostaria de poder amamentá-lo em todo o tempo que o seu ser me pedir, gostaria de respirar e viver ele em todo tempo.
Para alguns, o retorno ao trabalho pode ser uma quase alforria da labuta diária que é cuidar desses pimpolhos. Mas, para mim tem sido doloroso, porque no fundo estou amando todo cansaço, todo o esforço que meu corpo faz para ver a felicidade do meu pequeno Caê. Já digo que estou acostumada, sinto até falta de não acordar de madrugada.
Alguns dias apenas para eu aprender a conviver com essa “ausência”, sem sequer querer...
Alguns dias para eu não estar ao seu lado como gostaria de estar...
Sei, preciso adaptar a minha realidade. E não só minha, mas de milhares de mulheres que precisam “abdicar” do tempo com seus filhos para cair na batalha do dia-a-dia, do seu ganha pão diário. Aliás, é preciso repensar essa licença, é um tempo curto demais! Na realidade sinto que agora que estou conseguindo me adaptar as mudanças, seis meses que me serviram para começar a entender o meu pequeno Caetano, agora posso dizer que o reconheço nas suas atitudes. E agora todo o meu chão se abre quando sei que vamos ter que retirar a nossa segurança e começar um novo trilhar...

Mães precisam de filhos e filhos precisam das suas mães! Sei que a minha presença para o Caetano determinará uma segurança para a sua vida futura. Tenho medo que ele sinta minha ausência, que precise de mim e eu não esteja, que eu não veja as suas sutis transformações, que eu não seja tão boa mãe como esperou...
Por outro lado, considero-me priveligiada. Meu pequeno ficará com o pai e com a minha mãe nesses primeiros instante. Confio muito nesse amor de pai que ensina inúmeras coisas e na sabedoria de vó que traz um cheiro bom (como lembro da minha infância andando junto com o meu pai, cantarolando pelas ruas de Curitiba; da comidinha e dos cuidados da vó Vera). Caetano fortificará laços com a família, aprenderá mais acerca dessas duas pessoas que o amam muito. Caetano aprenderá que família é sagrada e nada melhor que um bom e velho colinho do papai e da vovó. 

Mesmo que eu deixe o fluxo agir, meu corpo já responde a essas mudanças, são noites com ansiedade, sem dormir. Essa noite acordei com uma cólica muito forte (sem estar no período menstrual), forte que irradiava para as minhas costas, lembrei até do meu início das dores do parto. Logo pensei: resultado da mu(dança) que estamos vivenciando. “Não se preocupe em ter que se manter firme para as mudanças, experimente manter-se firme apenas no propósito de relaxar profundamente com as preocupações, os pensamentos, as emoções. Elas se tornam difíceis de serem digeridas quando achamos que precisamos lidar com elas, que fazer alguma coisa com elas. O que a gente tem notado é que não temos que fazer nada com elas. Apenas deixá-las fluir, sem alimentá-las, sem reprimi-las, sem nos escravizar por elas, sem nos deixar ser guiados por elas”, diz o casal. Não me sinto firme, mas dançando até nas dores que elas me trazem, danço nessa mudança sem sequer saber o destino dela, mas sabendo que preciso sentir o ritmo e deixar fluir.
É nessa dança que me permite também afirmar que Estou com o coração partido. Estou com medo de esses dias chegarem!

O que eu quis inventar! Cinco meses de mudanças!


[...] tudo pronto pra escrever
Eu não sabia buscar,
Foi quando apareceu,
O que eu quis inventar,
Pra preencher o meu mundo particular,
No peito que era seu
No seu mundo não há
Mais nada que não eu,
Já sei dizer que o amor pode acordar.

Quando assim- Núria Mallena



Tudo estava escrito, nem mesmo eu sabia...
Eu, que era apenas “eu”, fui atravessada por um “outro”, agora não me vejo sem ele.
Inventei um dia que era preciso um terceiro; eu mais Eduardo, um amor na terra expresso em VIDA!
Inventei um dia que queria ser mãe, não imaginava a imensidão desse transformar. Inventei que queria constituir uma família de três (considerava eu e o Edu uma família). Inventei que queria experimentar o que é gerar, parir e ser mãe...

O que eu quis inventar?



Um pequeno Ser que arrebatou meu coração, que fez ver a minha capacidade, que me tornou a mulher mais realizada, que me tornou alguém diferente...
Hoje me vejo fundida, eu e Caetano, um prolongamento infinito...
Realmente, o amor acordou, despertou e me mostrou quão bom é ser/ viver esse ser.

Essa música, expressa toda nossa transformação, todo o nosso nascimento pro mundo e todo nosso estar no mundo. Escolhida para fazer parte da trilha do nosso vídeo do parto e agora nos acompanha todos os dias.  Parti para um mundo diferente e inventei que queria experimentar esse amor...
E ele cresce rapidamente. Dia 16/10 completou cinco meses que vivo esta transformação. Meu pequeno Caetano já cresce como nunca, cinco meses de transformações, de uma energia jamais tida nesse lar.
As mudanças são tão intensas que sinto até medo de não acompanhar, deixar de perceber as sutis e mais significativas conquistas...
As aventuras corpóreas parecem anunciar um novo trilhar: por conta, Caetano já rola na cama. Para dormir, ele já se vira escolhendo as melhores posições, adora puxar o cobertor até a boca e espera meus tapinhas nas costas, é assim que caí numa sonequinha gostosa.
Nesses ímpetos de querer, Caetano já se atira para os colos, para pegar algum objeto, gira na pequena cômoda que usamos como trocador (que já está ficando pequena para ele), também faz força quando senta no bebê conforto, como se seu corpo fosse sentar, como quem diz “me tira daqui”, é muito engraçado...
 Ademais, ao ficar debruço, tem sustentado muito bem sua cabeça, dá gargalhadas e com um apoio nos pés, já vai minhocando (se arrastando) até algum objeto.
O seu tato também está se desenvolvendo muito, aliás, temos feito Caetano experimentar texturas. Em nossos passeios, ele se estica todo para passar as mãozinhas nas folhas dos pequenos arbustos que aqui possuem. Também observa muito a mãe “roubando” pitangas do vizinho.  Ah! São tão gostosas!
Caetano também tem feito amizade com nossos gatinhos, ele já está acariciando os bichinhos. 
Durante as tardes, estamos no ritmo de experimentar os embalos da nossa rede de praia, ele simplesmente adora, observa tudo: pássaros, a paisagem do quintal, os bichos que se entocam debaixo da gente e o seu móbile predileto: as folhas do coqueiro.
Caetano já está sentando, é claro que com ajuda. Colocamos almofadas e ele ainda cai para frente. Estamos nos divertindo com essa nova posição.
Tem descoberto também o som da sua voz, os gritinhos têm saído com frequencia, além de experimentar som com as sílabas: ma ma, ts ts ts, nhe nhe...
Sua marca registrada tem sido as “caras e bocas”, cada careta e bicos diferentes, sempre para descontrair o ambiente.
Nesse mês, Caetano conheceu uma pessoa mais do que especial para nós: O seu bisa Vô Juvenal. Fomos à sua festa de 85 anos em Curitiba. Não pude me conter em alegria de ver o rostinho do vô em lágrimas, emocionado por conhecer o Caetano. Também curtimos muito a Casa do Vovô e da vovó, muito gostoso!
Ah! Como se esquecer do carinho dos grandes irmãos/amigos Sassá e Fer, Caetano se divertiu e até dormiu na casa deles!
Caetano já está entrando na maratona da mamãe e do papai, experimentando uma vida acadêmica gostosa (prodígio o moleque, heheh). Esteve torcendo pela mamãe que enfrenta a seleção do doutorado. Foi muito prazeroso alimentá-lo no meio da prova, até parece que me tranquilizou e transmitiu uma energia muito boa para finalizar essa etapa. O papai esteve todo empenhado, ficou slingando pela universidade com ele. Passeou no planetário da universidade, deitou na grama com direito a ouvir um blues bem tocado no violão. 

Os dentinhos parecem anunciar a sua chegada, está babando muito. Mas, para falar a verdade, não estou querendo muito que eles cheguem, acho que vou sentir saudades desse sorriso banguelo!
Pronto! Minha invenção está crescendo, cada dia que passa ele é mais do mundo. O meu peito realmente tomado por esse amor indescritível; eu totalmente dele!
O amor acordou e me fez ver que não há beleza maior que cultivar essa vida. Desejo fazer florescer essa natureza tão perfeita, deixar vir e deixar que ele seja o que se é...


O AMOR ACORDOU!!!



A CRIANÇA QUE NOS INSPIRA: FELIZ DIAS DAS CRIANÇAS!


Ontem, um dia imensamente especial: nosso primeiro dia das crianças, talvez o dia que eu mais valorizei estar vivenciando. Sempre achei uma data comercial e indignava-me pelo consumo desenfreado que diversos pais vivenciavam nessa época. Por isso, considerei sempre esse dia como um dia qualquer. Mas, a chegada do nosso pequeno Caetano veio pôr em xeque esses meus discursos. Sim, continuo achando que é uma data com fins comerciais... Mas, o pequeno Caetano veio anunciar que a criança tem muito a nos ensinar...
O que eu queria mesmo, e senti isso há alguns dias, era comemorar esse dia com o nosso pequenino. Um programinha diferente, um estar em família vivendo e aplaudindo a beleza da divina VIDA DE CRIANÇA!
A criança que nos ensina, sempre traz um pouco de nós, sempre mostra o que temos em nós...
 A criança que é livre para a CRIAÇÃO. Cria numa inocência, desmancha e recomeça de novo. O tempo é puro instante. Às vezes, acredito que a criança vive como uma borboleta que apenas está no mundo por um dia; imagine a intensidade dos seus atos, do seu voo? É assim que sinto o nosso pequenino, numa intensidade, num SER CRIANÇA esboçado num gesto, numa conquista, num sorriso que dura apenas um instante. É preciso sempre um olhar mais atento, um coração mais aberto e uma alma mais disposta a acompanhá-lo (espero te acompanhar sempre nesse voo, meu pequeno!).
A criança que vive no DEVIR,  que desfaz, muda, retorna, faz do seu brinquedo o próprio jogo. Fico pensando: como desaprendemos esse brincar, mudar, criar... Quantas vezes somos entregue a viver a vida de uma maneira “pesada”, amarga e sem essa alegria de brincar... Lembrei aqui e retomo a letra do Lenine que diz: “só posso te pedir que nunca se leve tão a sério nunca se deixe levar, que a vida é parte do mistério, é tanta coisa pra se desvendar...”. Talvez esse é o aprendizado que Caetano nos traz agora: - "Brinque e viva intensamente, desvende o nosso momento minha mãe!" Fazer da vida uma brincadeira é dizer “sim” a ela.
A criança que cai e levanta rapidamente sem sequer perceber o machucado que o tombo lhe causou, mas que sabe que  tem que dar o seu próximo passo. Ah, se toda queda me ensinasse que o melhor é caminhar do que lamentar!
Criança que está disposta a sempre recomeçar, a trazer à baila uma nova criação. Meu Deus! Quero ser assim (ou se já sou, não coloco em prática). O fato é que gostaria de viver trazendo e fazendo os inúmeros projetos que me inspiram a viver, fugir dos códigos da normalidade e da repetição, gostaria de não prender-me com coisas insignificantes que me amarram, que me  impossibilitam de sentir o prazer de viver! “Que eu fique desterrado de toda a verdade! Apenas um louco! Apenas um poeta!” (NIETZSCHE).
A criança é inocente porque quer criar “onde há a inocência? Lá onde há vontade de engendrar. E aquele que deseja criar o que ultrapassa é aos meus olhos aquele cujo querer é o mais puro” (NIETZSCHE).
Que possamos aprender um pouco com esses pequenos, que possamos nos inspirar neles, resgatar a força que está em nós, encontrar uma vontade DE DIGNIFICAR E VIVER O PRÓPRIO MOVIMENTO DA VIDA!

Um novo sorriso nessa primavera


Meu coração se alegra toda vez que acordo e posso olhar esse sorriso que engrandece minha alma...
Agradeço a Deus pela dádiva de ser mãe desse tão pequenino. Ser que sabe muito das nossas próprias almas. Costumo dizer que Caetano tem OLHOS DE ALMA! Ele me reconhece até mesmo quando eu não sei de mim.
Diversas vezes, quando tenho meus pensamentos pairando nas coisas que não consigo contemplar, das coisas que  faltam, recebo de presente esse sorriso a mostrar claro que o mais importante eu estou tecendo: a VIDA DO PEQUENO.
Ontem o cansaço bateu na porta, madrugadas mal dormidas por conta da seleção do doutorado. Sete livros para ler, e só o que me resta são as madrugadas adentro. Solitárias madrugadas que me dizem que tenho que lutar até os meus últimos esforços. Sei que é difícil, mas COM ESSE SORRISO TODO MEU SER EXPERIMENTA A IMENSIDÃO!
Acordei e o dia ensolarado me abriu o coração dizendo que a vida é intensa e que devemos aproveitar cada instante. Meu pequeno já estava acordado, conversando com os anjos invisíveis. Ele olhou para mim, soltou uma gargalhada linda, foi o bom dia mais gostoso que recebi. Depois, fomos tomar nosso banho de sol matinal e, brincando com minha gata, ele gargalhava como nunca. Brincadeiras gargalhantes que me disseram o quanto essa primavera linda abre nossos corações...
Agora, o pequeno dorme que nem um anjo e eu corro para relatar essa imensidão...

Quatro meses de AVENTURAS


Tenho o orgulho de dizer que hoje é um dia muito especial: meu pequenino está completando seus quatro meses. É grandioso estar com ele e apenas penso: “como fiquei sem vê-lo e sem ver o seu sorriso por quase vinte nove anos?”
Agora, enquanto ele dorme como um anjo, eu corro para relatar um pouco acerca desse mês um tanto diferente.
Começamos então pelo embalo do soninho: Caetano Terra agora anuncia algumas manias para o seu sono. Pela manhã, quando está próximo do horário dele dormir, deixo-o no berço. É engraçado porque lá ele tem entrado num mundo muito particular, criando muitas conversas com seus amigos-bichos. Relaciona-se com o Caco (macaco), o pato, o cachorro e o mais novo Neco (um lindo boneco de pano, presente da titia que ele adora). Quando está quase pegando no sono, costuma resmungar, resmungar... Vou até ele, observo que já está de olho fechado, então, é só eu começar a mexer o móbile que faz um barulhinho diferente que ele vira o rostinho no travesseiro e lá se entrega ao sono. Virou uma rotina sempre muito engraçada.
Continua gostando de músicas para dormir, ou melhor, do Jack Johnson. Fomos obrigados a adquirir mais CDs do cantor, para aumentar o repertório durante os sonos.
Sempre detestei rotinas, achava que a vida perdia a sua intensidade quando passamos a vivê-la sempre da mesma maneira. Então, esse tem sido um aprendizado um tanto árduo para mim, descobrir na rotina a intensidade necessária para fazer da vida um belo acontecimento. E reconheço o quão importante é assumir certa rotina na educação do Caetano. Vale dizer que sempre deixei ele me ditar isso, nunca quis impor um horário, mas sabia que ele mesmo estabeleceria: assim tem um soninho gostoso por volta das onze horas, outro por volta das duas da tarde, outro as cinco, depois próximo das oito e a derradeira entre dez e onze da noite. O fato que só pela manhã ele dorme melhor, já à tarde a sua soneca é no máximo de meia hora. Conclusão: seis horas já não me agüento mais em pé.
Outros momentos: nos embalos “Jack Johnsence”, ao colocá-lo deitado para dormir nos braços, olha com ares de peralta e solta aquele sorriso do tipo “não vou dormir agora não”.
Mas, nem tudo são flores. É preciso lidar diariamente com alguns espinhos que costumam marcar qualquer coração de mãe. Estou dizendo dos terríveis pesadelos, é uma das coisas que tem me assustado confesso.  Caetano acorda algumas vezes (de noite quase sempre) aos berros, acho que é pesadelo, pois é um choro muito sentido mesmo! Mas, é só confortá-lo no colo, abraçar bem forte que ele vai se acalmando. Algumas vezes recorro ao leite. “Mamiscando” ele chega a soluçar, meu coraçãozinho aperta nesses momentos. Para me confortar, sempre me lembro de uma conversa: disseram que pesadelos nessa idade... Hum!Deve ser as tetas fugindo!
Ele também gosta do acalanto do papai que o embala e canta o seguinte trecho: “como poderei viver sem a sua, sem a sua, sem a sua companhia”, refrão que vira quase um mantra e ele dorme. É para mim um momento muito fraterno ver esse laço tão único entre os dois. Um momento que fico orgulhosa dos dois!
Já nos embalos da mamada, é sempre um recanto de amor e de olhares. Agora descobriu o som estalante do tirar o bico da boca, gosta assim de fazer isso quando tem alguém falando, quando está curioso com algo ou simplesmente quando quer “bater um papo” comigo. Estala o peito, olha para mim, sorri, conversa e volta a mamar. Também tem deixado uma mão nas minhas costas para ficar fazendo carinho. É gostoso demais!
Os sons parece já formarem-se de maneira diferente. Está descobrindo a língua, ela entorta toda dentro da boca, os seus lábios movem em todas as direções e, assim, o “NE NE” já está sendo esboçado. Tem adorado fazer sons com a bolhinha da baba e o som estalante do beijo parece ser experimentado (eu acho que ele já manda beijo para mim, é claro!).
Também têm descoberto as mãozinhas e quase engole os dedos e, por vezes, a mão inteira. É tão gostoso vê-lo fazendo todas essas descobertas, vivenciar isso dia-a-dia é tão grandioso, sinto orgulho dele nessas descobertas, é como se eu estivesse vencendo cada etapa junto...
Aos poucos, a sua destreza fina parece ser mais visível quando consegue segurar alguns brinquedinhos mordedores que adora.
No banho gosta é mesmo de soltar gargalhadas com o Pai. É muito engraçado, porque faz isso todos os dias, da mesma maneira, conforme o maridão vai brincando com ele. O papai sempre fica extasiado nesse momento. Eu, sempre tento arrancar as suas gargalhadas, mas, já desisti... Ele sempre reserva para os outros (falo com ciúmes, é claro, rsrs). E como ele tem gostado do banho, é visível, assim que começamos a tirar a roupa ele já esboça sorrisos e seu olhar de alegria toma conta de tudo. Temos que forrar o quarto de panos de chão, pois o moleque insiste em abusar da bagunça com a água. Ai que banho sempre bom!
Nesse mês Caetano participou também da escrita do nosso pré- projeto de doutorado, foi uma loucura. Minha mãe veio da sua cidade para nos ajudar, foi um momento importante para os dois. Assim, o moleque recebeu mais aconchego, colo e bagunça da arteira vovó. Lembro-me de um dia ela cair no choro, pois ele perdurou um longo tempo apenas gargalhando das suas peraltices. Pois agora vejo a quem o moleque puxou!
Nesse mês tivemos nossa primeira viagem e a primeira vez que o Caetano ficou longe do pai. Fomos até São Francisco do Sul visitar minha mãe e minha irmã. Ele se adaptou muito bem lá, achei que iríamos sofrer com as mudanças da rotina, mas, salvo exceções, ele não alterou os seus horários. Posteriormente, escreverei um post anunciando como foi bom fazer essa viagem. Saiu dessa viagem com o apelido de “Zé gasolina”, pois, era entrar no carro que o pimpolho já dormia. Pasmem: fizemos uma viagem de três horas e ele só acordou quando chegamos em casa.
Quando chegamos foi lindo perceber ele reconhecendo o seu lar. Entrei na casa, fui parando nos locais aonde ele gosta de estar. Paramos em frente de um quadro, o meu retrato abraçada com o Edu, ele adora conversar com a imagem.  Quando chegamos ao seu quartinho, ele deu aquele gritinho ao ver os seus bichinhos, seus olhinhos brilharam, foi lindo! Como é bom perceber que nosso lar tem sido o recanto de segurança e reconhecimento para ele.
Porém, percebi que nessa viagem o bichinho recebeu muito amor da vovó e da titia babona que logo o moleque cresceu repentinamente. Era preciso fotografar o meu ar de desespero ao ver que os macacões não serviam mais. Foi apenas uma semana!
Os seus movimentos agora parecem estar mais ousados. Recentemente, tem se virado na cama. Assim, quando coloco algum objeto, ele vira todo corpo até que consiga enxergar.
Mas, preciso confessar: preciso fazer uma terapia para cortar as suas unhas. Sempre gosto que minha irmã corajosa faça por mim, mas como não posso esperar ela vir de outra cidade, lá vou eu me arriscar. Porém, tenho muito medo! Fico horas... E pode contar, Caetano vai amanhecer arranhado porque deixei muito tempo as unhas crescendo.
Caetano tem uma alma que me embriaga, sempre é desperta para a música. Clarissa, uma linda amiga com alma nas mãos, mandou sua música – um som de piano com cheiro de liberdade. Foi tal música que dançamos, estava grávida durante esse espetáculo. Caê, ao escutar, ficou extasiado na frente à caixa de som, mal piscava. Outra música que tem gostado é a que selecionamos para acompanhar o vídeo do nosso parto.
E assim, passamos esse mês meus amigos... Cada dia uma ternura, cada dia vejo mais Caetano de mim, eu de Caetano. Terras se encontrando num cultivo que não finda jamais. Terras celebrando a vida. Terras aprontando um terreno sólido de Amor, Carinho e Ternura.
Canto ao Caetano e celebro o seu olhar de alma: fixo, atento, brincalhão, amoroso, inseguro... Sempre me pergunto: não será Julia Terra num Caetano?

UM ANO DE CONCEPÇÃO



Talvez pareça bobo comemorar um ano de concepção do Caetano, mas preciso aqui esboçar o porquê considero importante essa data.
Eu e o Du sempre soubemos que queríamos um filho, mas nunca nos permitimos por sempre achar que não estava na hora. Era o mestrado que ainda não havíamos terminado, era não ter uma profissão segura, era não ter casa, era não ter carro. A única coisa que sabíamos era que queríamos um filho, mas que não estava na hora. O tempo foi passando e, por diversas vezes, questionei-me da necessidade de tantos “ter”. Em que medida o ter era tão essencial em nossas vidas? Sim, queria estar numa situação melhor, é claro, mas será que isso era determinante para termos o nosso filho? Um belo dia caiu minha “ficha”: eu, euzinha, vivi cerca de 30 anos de aluguel, sem carro, etc., e sou uma pessoa muito feliz. O que é ser feliz? Daí reportei a minha infância e logo veio lembranças: família reunida, brincadeiras na rua, saídas para piquenique, meu pai lendo gibi para eu durmir, meus pais cantando, enfim, um cheiro bom de infância. O que eu queria mesmo era dar essa felicidade para meu filho. Essa sensação de alegria de saber que temos tantos Encontros que acalantam nossa alma.

Mas o mais importante, fui percebendo que meu amor pelo Edu era digno de um filho, sim. Nosso amor sempre significou muitas batalhas. Conhecemos-nos na primeira fase do curso de graduação e logo começamos a namorar. Três meses depois já estávamos morando juntos e quando vi, fazíamos as mesmas coisas, pensávamos as mesmas coisas e sonhávamos com coisas iguais. Formatura juntos. Foram seis anos para decidirmos realizar nosso casamento. Ah! Como se esquecer desse elo? Sonhamos, realizamos o casamento que sempre quisemos, ao ar livre, eu descalça, som ao vivo, tenda... Ah, como se esquecer da bela decoração feita pela minha mãe e pelo meu paidrasto? Como se esquecer das minhas amigas dançado “uma voz ao vento” da Leila Pinheiro, com um lindo tecido? Como esquecer da minha priminha com uma bonequinha entregando nossas alianças? Como esquecer os músicos amigos do coral que escolheram músicas que amávamos? Como esquecer da viagem para Porto de Galinhas, Recife e Olinda que ganhamos?
Tudo isso era apenas uma mensagem que Estava Escrito Nas Estrelas, Seríamos felizes!
Logo após, nossa aprovação no mestrado juntos, na mesma linha de pesquisa, a tão sonhada bolsa de mestrado, o tempo que pudemos dedicar para nossos estudos...
Alguns arriscavam a dizer, O Du é a Ju de cueca! Eu achava isso muito legal!
Passamos, é claro, por alguns perrengues juntos, mas sempre isso vinha para engrandecer o nosso companheirismo.
Passaram oito anos...
Crescia assim uma vontade de um terceiro, sei lá uma sensação louca! Aos poucos fomos esquecendo de nos “impor limites”, cada dia era um de nós que deixava que as Estrelas Escrevessem Nosso Destino...
No dia 27/08, Caetano – um pequeno anjo disse: – mãe, pai, as estrelas escreveram a minha história. É com vocês que eu quero estar!
Brotou assim, o fruto de um amor que inspira cada dia uma nova canção! Caetano, meu pequeno anjo agora estava no meu ventre, ensinando-me que não existia Beleza no mundo igual.
Eu até desconfiei que pudesse estar grávida, mas, não quis pensar muito, pois estava prestes a defender o mestrado. Dia 13/09, eu e o Caetano fizemos a nossa defesa de dissertação. Dancei naquele dia e sabia que havia em mim uma sensação diferente! Emocionei-me ao ver meu pai, minha mãe e irmã tocando e cantando naquele momento de defesa. Eu arrepiada, grata pelos anjos terem me concedido tal momento.
Mal sabia que dois dias depois a vida iria me anunciar a vinda desse anjo. “Meu pai, estou vendo certo esse teste? Agora serei mãe! Não, não é possível, fiz errado! Mas, tem dois risquinhos, é POSITIVO, GURIA! Meu Deus, meu coração está batendo forte, rápido! Como vou falar isso para o Du? Meu Deus, estou meio bamba! Vou esperar mais cinco minutos, quem sabe um desses risquinhos apaga: 4:56, 4:57, 4:58, 4:59, É FATO! SEREI MÃE!”
Um sentimento louco, senti-me como uma criança perdida, mas, feliz com o brinquedinho novo. Com os olhos arregalados, olhava para mim, botava a mão na boca, na cabeça, era engraçado!
Estava assim na minha mais nova fase da vida.

A minha arte estava no meu ventre, Dançava no meu ventre, era o meu ventre
!
Fui logo pensando, vou contar para o Edu, vou fazer um jantar especial... Mas, não me contive em alegria. Fui à cozinha, pensava “não vou me agüentar”. Achei que iria quebrar tudos os copos que pegava. O Du, assistindo televisão, com uma dor terrível no pescoço por conta de um tombo, mal podia se mexer.
Pronto! Vou lá! Chega, preciso contar!
Olhei para ele e disse: – amor, preciso conversar com você.
Ele logo me olhou, um pouco espantado: – o que foi? Pode falar.
Eu, que nem sabia como começar: – nossa brincadeirinha tornou-se realidade.
Mas, nem imaginava que ele logo ia entender: – Mentira, você está brincando.
Lembro como se fosse hoje do seu olho arregalado, nunca havia visto ele naquele estado.
Abracei-o, ele que nem conseguia se mexer estava todo extasiado.
Nossa mais nova dança começava ali...
Caetano dançou nas estrelas esperando pela gente. Caetano cantou a mais doce cantiga anunciado a sua chegada. Caetano cantou e fez nosso amor transbordar de tanta emoção. Caetano estendeu a sua mão pedindo para que guiássemos nessa vida. Caetano brindou a sua chegada trazendo a mais suave bebida, o amor que nos entorpece, nosso sopro de vida!





Caetano dançou nas estrelas, no meu ventre e agora dança a mais Bela Coreografia em nossas Vidas!



Texto escrito em 27/08- um ano de concepção

Meu pequeno amor agora com três meses



Caetano acabou de dormir e meu dia não poderia passar sem esse registro do seu terceiro mês. Nesse mês, Caetano Terra tem nos trazido muitas surpresas: juro que vou tentar lembrar de registrar todas aqui.
Seu tamanho e seu peso aumentaram significativamente. Convivo agora com minhas dores nas costas, resultado dos seus já passados sete quilos. Certa noite, estava olhando ele no Moisés (que fica ao lado da nossa cama),  quando vi que, ao se mexer, todo o moisés entortava; era fato, não cabia mais naquela caminha. Daí veio a indecisão, o que fazer? Transferir o berço do quartinho dele? Comprar outro colchão só para ele? Resultado: fazem alguns dias que Cae está em nossa cama. Tem sido muito engraçado e gostoso. Nossa cama é pequena e sempre estamos nos encolhendo, pois o danado se esparrama...
Esse mês que passou foi muito importante. Minha mãe voltou para a cidade dela e, agora sim, só ficamos nós três. Confesso que no início morri de medo, afinal, sempre é bom poder compartilhar ajuda, dicas. Mas, aos poucos, fui dando conta e o mais importante: estamos a cada dia nos descobrindo mais. Uma forte sintonia se acendeu, já identifico mais coisas: seu olhar de sono, quando quer papear, quando está com dor, etc. O meu marido voltou a trabalhar, agora eu e o Caetano passamos o dia juntos, descobrindo essa maternagem que tanta gente fala. Pela manhã, ele sempre é muito disposto, sorridente, falador e brincalhão. Conversamos, tomamos nosso sol matinal, cadeira de balanço, alguns minutos no berço com os bichos, brincando e falando, pronto!O soninho já toma conta.
Esses dias conseguimos ficar por um longo tempo no bebê conforto, conseguimos até cozinhar com ele dando dicas do que fazer (é claro), é sempre assim, só consigo fazer as coisas papeando com ele.
Outra descoberta: Adora um soninho com músicas do Jack Johnson (acho que a mãe viu muitos vídeos de parto que tinham essa trilha). Ele dorme dançando comigo!
Durante as tardes buscamos sempre dar uma voltinha, slingando por aí... Descobrimos novas posições com o sling, também descobrimos que é possível conversar com os pássaros.
Continuamos com o nosso banho de balde...
Também nesse mês, Caetano teve sua primeira febre por conta das vacinas. Tentei não me desesperar, mas confesso que me senti culpada, afinal ele estava tão bem... Bom, o fato é que tive minha primeira experiência em tomar decisões nessas circunstâncias. Deixei que o corpo do Caetano respondesse, não quis optar pela medicação imediata. E tudo se resolveu sozinho, na hora em que o corpo do Caetano se equilibrou. Aprendi que febre nem sempre é um mau sinal!
Mas, a marquinha registrada que não podemos deixar de contar: num dia de banho, Caetano resolve olhar para o Du e soltar uma breve gargalhada, mas imediatamente assustou-se (não sei se com o meu sorriso ou com o próprio som da sua risada), resultado: um choro sentido. Ficamos na expectativa de outras gargalhadas, mas nada... No dia dos pais, ele resolve presentear o Du e minha sogra com tal gargalhada, agora com duração maior. IMAGINEM: FOI UM PRESENTÃO DE DIA DOS PAIS. No dia seguinte, foi a minha vez de vivenciar tal momento. Estava com ele na minha cama perguntando: “você me ama?”, quando ele simplesmente solta a linda gargalhada. Não me contive em choro...
E assim agradeço todos os 90 dias que estamos ao lado dele. Cada dia mais somos pegos pela imensidão do seu amor, somos arrebatados e quando percebemos já estamos apaixonado pela sua existência. Como tem sido bom poder vivenciar cada instante, cada momento ao seu lado. Cada sorriso é compensador, cada choro é um jeito diferente de me ensinar a ser mãe. Como é bom vê-lo entregar-se em meus braços, para o meu acalanto e minha proteção. O seu olhar fixo no meu revela o tamanho do nosso amor!
Que bom que escolheu esse mundo, essa família e a mim nessa maternagem. Obrigada meu pequeno anjo pela sua presença e pelo seu AMOR! Te amo!

Amamentar, por quê?



 Hoje, último dia da semana em prol da amamentação e eu não podia deixar de dizer um pouco acerca de como tem sido minha experiência de mãe.
Por muito tempo escutei a importância de se amamentar, dos benefícios, sobretudo, da saúde que o bebê recebe ao ser alimentado no peito. Mas, posso dizer que, com quase três meses, Caetano tem muito me ensinado acerca do assunto.
Temos tido uma experiência que nos marca diariamente nesse momento. Amamentar para nós tem sido o NOSSO MOMENTO. Seus gestos sempre denunciam quando ele deseja que estejamos para isso. Um olhar, uma boca que sutilmente se vira e um som estalante que ele emite. Ao ver isso, tudo é grandioso, sei o quanto estamos em um ELO jamais sentido. É sobre esse Elo que desejo escrever um pouco. Sim, amamentar traz saúde para meu Caetano, mas, sobretudo, acalanta o nosso Ser. Percebo que amamentar é acima de tudo esse ENCONTRO, eu sei que posso oferecer esse aconchego e ele sabe quando e como recorrer a ele. Ah, como é bom sentir sua mão que ora cobre o seu olho como quem está prestes a dormir, ora fica acariciando as minhas costas. Como tem sido emocionante poder ver o seu prazer: ele assim que pega o peito, modifica a sua sobrancelha que se eleva juntamente com um som gemido como quem diz “como é bom estar aqui”. Ou quando os seus olhos logo fecham e apenas se tem os movimentos das suas bochechas num livre sugar. Ah, e quando somos pegos pelo cansaço? Eu, que não me canso de olhá-lo, vou sendo tomada pelo seu prazer de estar ali comigo e quando vejo já estamos num sono repousante...
Pena que eu quando bebê não pude experienciar isso. Ao nascer minha mãe conta que fui levada pelas enfermeiras e, ao retornar, cheguei pronta e, pasmem: haviam me dado chá de camomila. Conclusão: mesmo minha mãe querendo muito, não conseguiu amamentar. Vi também o sofrimento da minha irmã e do seu desejo de fazer uma amamentação exclusiva com meu sobrinho, o que não conseguiu. Sinto muito feliz em ser abençoada nesse aspecto. Caetano sempre mamou e muito no peito. Mas, sei da importância do total apoio dos familiares neste instante. Vi nos olhos do meu marido, da minha mãe e da minha irmã a pura alegria de nos ver: eu com peitos fartos e o Caetano faminto de amor!
Agora sim, posso dizer que as minhas referências do por que amamentar transformaram-se. Sei o quanto esse momento é insubstituível, o quanto esse instante nos possibilita conhecer um pouco das nossas crias e de nós mesmos. É neste instante que me sinto a mãe mais leoa e amorosa ao mesmo tempo. Um dia escutei da minha prima que se ela não amamentasse o pequeno filho, sentiria-se incompleta, pois amamentar era o instante em que ela não era substituída. Ela me disse “- mamadeira todos podem dar, peito apenas eu”. Foram palavras que me tocaram, meditei sobre isso por vários dias. SER INSUBSTITUÍVEL, isso é profundo demais. E posso dizer que isso ocorre mesmo, e é porque estamos diante do nosso BELO ENCONTRO. Um momento em que mãe e filho unem-se na certeza que é nesse movimento que alimentamos a própria VIDA.
Lembro também de uma mãe no Núcleo de Desenvolvimento Infantil dizer que queria deixar a cria no período integral, mas que o único empecilho era que ela ainda mamava no peito. Disse também que tiraria, pois o médico disse que não tem motivo a criança mamar por mais de um ano. Volto a pergunta: por que amamentar? É preciso que possamos transcender em achar que amamentação supre apenas questões nutricionais (sim, porque depois de um ano posso alimentá-lo de outras maneiras), mas, que possamos entender que esse instante traz, sobretudo, os níveis calóricos de AMOR; sim amamentar é abrir espaço para que o AMOR ACONTEÇA. É nesse espaço que quero estar com Caetano!

Nosso Parto


Compartilho o vídeo do nosso parto Domiciliar...

Obrigada Equipe HANAMI, Dra ROXANA KNOBEL e CRIS DOULA


Relato de Parto




Dois meses se passaram e ainda tenho muito desejo de falar do nosso tão sonhado e planejado parto. Quando me reporto a ele, vêm as inúmeras lembranças de aconchego e o desejo de que tudo desse certo. Eu e o Eduardo sempre soubemos que nosso amor era digno de um filho que representaria toda a imensidão e a completude daquilo que vivemos. Minha gravidez foi anunciada e vivenciada com muita alegria, reverenciamos cada instante com muita intensidade. O desejo era de fazer desse momento uma marca em nossa trajetória, gostaríamos que Caetano soubesse que estávamos prontos para recebê-lo com todo nosso amor, com todo nosso aconchego. Acho que foram os anjos que me conduziram a pesquisar muito, foi quando comecei a me informar acerca da humanização do parto. No início  da gravidez, tivemos uma consulta com uma médica vinculada ao nosso Plano de Saúde; já nesse dia, ela foi logo avisando que só faria um parto normal se a  gestação fosse até a 40ª semana, inquietei-me com isso e fui logo encontrar outras indicações de médicos mais humanizados. Recebi um e-mail indicando a Drª Roxana e a Equipe Hanami, também consegui o blog da doula Cris. Dessa forma, fui entrando nesse mundo tão magnífico acerca da humanização do parto, fui entendendo como a natureza é  PERFEITA e  gostaria que qualquer decisão considerasse tamanha perfeição. E assim fui seduzida a parir em casa. Tivemos um encontrão com a Equipe Hanami, onde tiramos todas nossas inquietações e saímos decididos que era esse o nosso caminho. Na 38ª semana, a Joyce e a Renatinha fizeram a primeira consulta; nessa semana, eu já percebi que Caetaninho estava pertinho. Mas confesso que não pensava muito como seria o parto, trabalhava, trabalhava... Na 39ª semana, após muita insistência de meu marido e da minha mãe, resolvi parar de trabalhar, afinal ainda faltava terminar algumas coisas. Nessa semana, tivemos outra consulta com a médica e dela escutei: “É impressão minha ou sua barriga abaixou?”. Que susto escutar isso, percebi que agora sim estava chegando a hora. Ela ainda completou: “Caetano, me deixa descansar uns dois dias!”, pronto! Não tive dúvida, Caetano estava próximo. Assim, no dia 12/05, tivemos a segunda consulta com a Equipe Hanami, estava curiosa em conhecer a Vânia, encantei-me com o olhar carinhoso da Tânia. E assim foi uma longa conversa, alguns apostavam na lua cheia que estava para chegar... um certo “friozinho na barriga”. Queria terminar tudo (sempre fui daquelas que deixa tudo para a última hora). Vânia, ao sair, disse: “Marcamos então para a próxima quinta, se ele não chegar antes”. Diante dessas palavras, tive uma sensação de que não haveria outra consulta.
Um passeio na praia... Ondas anunciavam um ritmo perfeito, um ar diferente, cheiro de MUDANÇA entrava no meu ser e um INSTINTO fez com que eu pronunciasse para meu marido: “Du, sinto que está muito próximo”.  Dia 14/05, acordei muito estranha, um cansaço no corpo, recorri às águas de um banho quente e, quando percebi, já chorava, nem sabia o porquê. Meu instinto anunciava que eram os primeiros sinais. À noite, uma pequena confraternização de pipoca... Estava inquieta e mal conseguia dormir. Uma cólica leve... Às 4h do dia 15/05, uma cólica mais forte anunciava o início de um lindo dia, fiquei sozinha a pensar “Será sinal?”, inventei de olhar o relógio e tentar contar, aqueles ponteiros caminhavam e eu não entendia nada, fiquei confusa. Acordei o meu marido e pedi para que ele tentasse contar. Ele disse haver certa regularidade entre as contrações. Logo após, o tampão se desprende. Confirmado, ele estava chegando!  Liguei para a Vânia e ela me disse que a Renatinha iria me examinar. Liguei para a doula Cris, ela me recomendou que tentasse dormir. Renata chegou, seu ar de serenidade me anunciava que estava no primeiro cm de dilatação. Recomendou tomar banho quente e voltar a dormir. A ansiedade me tomou, meu parto estava ali, tantos dias sonhando, pensando e agora sim era o momento de aproveitar cada momento. E foi assim que o sono não veio...
Tomei um café da manhã, mas já não conseguia ficar parada, precisava caminhar, meus passos se deslocavam por todos os cômodos da casa, enquanto isso minha mãe já  anunciava para minha irmã que o seu sobrinho estava a caminho. Ela deslocou-se de São Francisco do Sul para acompanhar o parto – mais tarde, descobri que ela havia feito um acordo com o pequeno Caetano para que ele viesse na semana que iniciava, já que ela viria para ficar com a gente, e tirar nossas últimas fotos. As contrações se intensificaram e, como as águas são sempre meu refúgio, foi a elas que recorri, num breve banho.
O tempo entre as contrações diminuíram e, assim, pedi para chamar a Renatinha. Ela logo chegou, seu carinho sempre me acalmou. A doula Cris também ligou e disse que já estava vindo.  Não havia posição que me acalmasse...
Descobri então a bola e lá fiquei, com ela pude relaxar nos movimentos que uma mãe-dançarina agora passava a descobrir. Massagens nas costas, palavras de conforto e silêncio. Por vezes, sentada na bola e encostada na cama, deparei-me com meu próprio silêncio – estava agora prestes a ouvir o ritmo que embalava aquele acontecimento. Percebi a contração como uma música – um pouco intensa, na verdade – que tinha melodia, harmonia, início, o refrão e o fim. Na bola, percebi o movimento da casa; minha irmã chegava, trazendo um cachorrinho de pelúcia para o Caê e brincando comigo. Naquele instante, me senti acolhida por todos, marido, mãe, sogra e maninha. Ainda na bola, almocei. Caminhei pela grama do quintal com a Cris, meus gatinhos me circulavam e lá senti um vento que dizia: “Caetano vai te ensinar”. Mas senti a dor forte e perguntei: “Essa dor aumenta?”; percebi então que Renatinha e Cris, ficaram meio desconcertadas para responder. Pensei mais uma vez: “Caetano vai te ensinar!”.
Voltei para a bola, certa inquietação me acenava. Renata então pediu para me examinar, ela nem disse o quanto de dilatação naquela hora. Pensei: “Tanta dor pra nada, aposto!”, mas resolvi nem perguntar, isso iria me deixar nervosa. Pediu para que eu fosse para o chuveiro.
E agora, sim, as águas confortaram minha alma. Edu foi comigo e ficou junto. Eu, sentada na bola deixando com que a água escorresse pelo corpo, ele de pé, segurando minha mão e cantando. Músicas do nosso casamento, agora anunciando pela sua voz um novo ENCONTRO: “Tudo o que move é sagrado, e remove as montanhas com todo cuidado, meu amor. Enquanto a chama arder, todo dia te ver passar, tudo viver ao teu lado com o arco da promessa, do azul pintado pra durar...” (Beto Guedes). Uma chama realmente acenava no meu corpo, uma chama de fogo que queimava minhas costas e eu já me sentia muito presente. Foi preciso manter meus olhos fechados, sentir, ouvir, imaginar, não queria me desequilibrar. A dor era dor mesmo, não tinha conforto, não tinha trégua. Era preciso encontrar em cada instante minha força. Confesso que naquele instante um medo começou a me tomar, um medo de não conseguir parir em casa, de o nosso sonho desmanchar-se, de eu não conseguir aguentar um parto sem nenhuma analgesia. Imaginei as ondas que a Cris me anunciava serem as contrações. Por vezes, estive naquele mar de que tanto falavam. Mas a dor era mais forte do que as ondas... Não conseguia transmutar o sentido da dor dizendo: “São ondas, são contrações”...Não! Era uma dor forte que queimava as costas e me embriagava. Comi chocolate, tomei florais, enfim fiz um banquete debaixo do chuveiro. Ficamos ali por muito tempo e só me dei conta da duração quando meu marido disse: "Vou acender a luz do banheiro" – descobri que tínhamos ficado quase quatro horas debaixo da água. Já caía a noite, e escutar as outras vozes que compunham esse cenário foi uma alegria, chegavam Tânia, Joyce e Vânia.  De olhos fechados, com aquela água quente, antes dela mesmo falar, já senti a sua presença. “E aí, minha querida” – disse Vânia. “Eu não consigo transpor a sensação da dor” – disse eu a ela. Ela respondeu: “Então faça da dor a sua aliada, ela não será maior que isso que está sentindo, chame-a porque ela trará o Caetano para seus braços”. Fizemos uma respiração e chamamos a dor que anunciava o Caetano. Foram sábias as palavras que confortaram esse momento. Neste instante, percebi o quanto podemos mudar de foco/pensamento em relação à dor. Enquanto isso, Tânia e Joyce montavam a banheira. A casa toda estava num clima descontraído, estavam rindo, brincando...
Vânia me examinou: 5 cm de dilatação. Pensei: “Poxa! Só!”. Ela então pediu para todos saírem, queria ficar sozinha comigo no quarto. Perguntou-me: “O que está havendo? Do que está com medo?” Ali, pude contar-lhe do meu medo, o de não aguentar. Ela assegurou-me que eu saberia o que fazer. Ali, fez mais um toque e 7 cm de dilatação. Pediu-me para ir para a banheira para relaxar...

O Du já havia escolhido músicas que eu gostava e quando cheguei na sala encontrei uma paz jamais sentida. Uma penumbra, uma música instrumental do Sérgio Tatit (palavra cantada instrumental) e minha alma já dizia: “Encontra sua paz”... Uma alegria transbordava do meu peito, o Du me abraçava e pude sentir nós três num elo jamais sentido. Tive a sensação de relaxar tanto que parece que dormi (mas no final, nem sei o que aconteceu).  Chorei de emoção quando ouvi a música que dancei quando estava no quinto mês de gestação. Pensei: “Você embalou-se em vários espetáculos na mesma música que agora vem para mim”. Acompanhando essa paz, chega a Roxana com um olhar fraternal, no tempo/espaço certo; minha alegria foi grande quando senti sua mão e pude olhar para os seus olhos. Naquela banheira, fiquei durante mais um tempo e, num silêncio, senti a presença de todos naquele espaço. Quando abri meus olhos, vi minha mãe, Roxana e a Cris, encostadas na banheira, me olhando – foi uma imensidão nos olhares. Por um instante, ouvi uma voz calma e serena que assoprava meus ouvidos, completando ainda mais minha paz: Tânia estava ali, acalmado-me e dando a certeza que tudo estava certo.

Pediram-me então para sair, achei estranho, não entendi o que estava havendo. Fui para o banquinho, de cócoras, e lá a Vânia me avaliou. Senti alguma coisa estranha, e me avisaram que o colo do útero não havia se desprendido totalmente. Neste instante, o desespero me atormentou, quase pedi para me levarem para o hospital, para aplicarem qualquer analgesia que me arrancasse aquela dor. Fiquei por um triz, mas por um segundo cenas trilharam o meu pensar: imagens do Du, o som do coração do Caetano, toda minha família e todo o empenho da equipe, tudo fez arrancar de mim uma força que jamais imaginaria ter, afinal estava no final e se cheguei até ali Caetano ia vir pela mesma força... Joyce me afagou nos seus braços e ali ficamos por alguns instantes. Ali, escutei palavras de conforto, clamei pelos anjos e senti uma energia cósmica que anunciava o possível. Roxana aplicou-me uma sessão de acupuntura...
Pediram-me para caminhar no bairro. Eu, Du, Tânia e Cris, em plenos 9 cm de dilatação, caminhamos em silêncio, ouvindo o vento que adentrava as ruas do bairro Daniela. Vi a lua e senti um elo, uma certeza de que eu e Caetano faríamos esse ENCONTRO acontecer. Caminhando, percebi que ele se encaixara mais, um deslocar louco e uma pressão enorme. Avisei: “Caetano chegará ao mundo na rua, é melhor voltarmos”. Elas riram... Demos uma volta no bairro e retornamos. Quando cheguei, um chá feito pela Roxana, bem quentinho e pronto para me ajudar, me aguardava. Uma parceria indescritível de todos, sentia uma energia de mulher no espaço, uma força me tomava...
Depois, mais uma avaliação. Ali, precisei encontrar essa força. Vânia e Roxana aguardavam-me no quarto. Ali, encaixaram o pequeno Caetano e ajudaram o colo a se desprender totalmente. Elas diziam: “Se deixarmos, você terá mais quatro horas de trabalho de parto". “Meu Deus”! pensava eu, já muito cansada e sabendo que não aguentaria mais tempo. Encontrei a força no âmago de mim mesma e disse: “Vamos, podem fazer o que quiserem”. Mais banquinho e já anunciavam que estava coroando. Que alegria saber que ele estava tão perto. Mais chuveiro, e uma irritação me tomava, não sei explicar... Saí e fui direto para a banheira.
Ali, senti toda a energia, a alegria a anunciar que agora sim estava prestes a receber o meu pequeno Caetano nos braços. Senti-me num mundo indescritível. Ouvia as vozes delas, numa harmonia, como um canto de mulheres trazendo-me uma energia incomensurável. Eu e o Caetano, estávamos só nós dois naquele mundo. Ele me disse: “Agora estamos preparados, MÃE”; eu dizia: “Eu quero te trazer ao mundo”; e ele já acenava no meu corpo a sua chegada. Um ENCONTRO num mundo em que jamais havia estado. Ali, todo grito, toda força, toda alma postos numa só prontidão. Diziam: “Grite, clame por seu filho Julia”. Como foi bom ouvir isso!
Assim, anunciando um novo ciclo, o começar um novo dia, às 00h03min do dia 16/05, Caetano Terra acenava os seus primeiros instantes nesse mundo.
Num misto de dor, alegria, prazer, cansaço e ternura, Caetano chegara ao mundo, no canto enérgico das mulheres, no desabado choro do meu marido, nas palmas de minha mãe, na alegria da minha sogra e no “bem-vindo, Caetano, ao mundo” da minha irmã. E eu que nem me dera conta de que ele já estava na água. E, quando vi, já estava com ele nos braços. Seu choro, seu olhar, um elo indescritível. Tal momento me assegurou que agora, sim, eu vivenciara um DIVINO TRANSFORMADOR ENCONTRO. Tão belo que, se pudesse, teria pairado por todo o resto da minha vida...
Obrigada é pouco para anunciar a gratidão desse momento: as mãos, as palavras, os olhares, o carinho e a competência dessa equipe de ouro que garantiu todo esse sublime momento. Como não agradecer e desejar que futuramente tantas mulheres possam confiar-lhes os seus partos e fazer desse momento mágico o fiel de toda TRANSFORMAÇÃO, mostrando a capacidade a todas elas de (re)encontrar-se, deparar com as suas próprias naturezas, cujas forças são inexplicáveis e garantem um BELO NASCER.

 
   
10/07/2011 - Relato escrito por Julia Terra, mãe do pequeno Caetano Terra- 54 dias.

16/07 - Dois meses de muita alegria



Agradeço aos Céus pela maternidade: por me conceder esse pequeno Ser que tanto me ensina, transformando-me e tornando os meus dias muito diferentes.
Hoje, acordei pensando que amanhã o meu pequeno está completando dois meses em nossos braços. Quantos momentos especiais com ele que nem imaginava! Caetano agora abrilhanta minha vida com seus sorrisinhos que parece que vem rasgar meu coração e dizer o quanto é bom ser mãe dele. Seu olhar, sempre muito fixo, tem um brilho sempre muito especial. Um olhar que sempre diz o que deseja, a sua alegria, até mesmo denuncia o quanto está bravo. O perfeito é quando seu olhar brilhoso se mescla com um tímido sorriso. Ah, como é bom vê-lo assim!
Nesse mês ele passou a se comunicar, passa alguns minutos conversando nas minúcias balbuciadas que entendemos quase sempre tudo. Nesses instantes, tenho vontade de congelar o tempo para consagrar esse momento eternamente. Meu único desejo é nunca se esquecer desses momentos, da intensidade como eles sempre tocam meu coração.
Para meu espanto, Caetano cresce cada dia mais, está sendo tudo muito rápido! Ele agora também já adquiriu algumas dobrinhas a mais...
Ele ama estar na água. Já toma banho de balde e adora! O problema é que ele adora levantar e rapidamente abaixar, molhando todos os que estão em sua volta, é uma delícia. Tenho tentado fazer desses momentos muito especiais. Coloco sempre nossas músicas, preparo o quarto e o nosso banho (sim, porque eu saio molhada dessa brincadeira). Na banheira ele sempre gosta de se inclinar para trás para que sua cabeça molhe mais.
Também gosto de sair com ele pelo bairro. Passeamos agarradinhos no sling, gosto de mostrar-lhes as árvores, ele gosta de observar tudo.
Tenho dançado muito com ele. Gostamos de slingar e dançar ao som de Narah Jones no seu quartinho. Ele gosta muito de observar as luzes...
Tenho que contar que ele tem se mostrado muito esperto, adora um colo. Ao acalantar, mesmo dormindo ele sempre percebe quando vai para a cama, o que ele gosta mesmo é estar grudadinho, quanto amor!
Está certo, eu confesso, ele também dá um “baile de cansaço”. No fim da noite quando o cansaço bate, penso “SOCORRO! Acho que não vou agüentar!”, e vejo que esses são os paradoxos da maternidade.
Caetano não me incomoda em nada de madrugada. Acordamos apenas uma vez por noite. Essa noite mesmo ele dormiu e só foi se despertar no início da manhã.
E assim estão os nossos dias, sempre com uma pequena descoberta.
Acho que se pudéssemos resumir esses momentos digo que estamos na mais pura DESCOBERTA, descoberta de uma mãe, do MOMENTO SINGULAR, do nosso ENCONTRO.
Por vezes, sinto um tanto de saudades da minha barriguinha, mas, agora consigo distinguir... O que eu sinto falta é da expectativa que se criava: como será o bebê? Como vou me preparar? Como quero recebê-lo? Como está ele em tal mês na minha barriga? São lembranças de tais momentos que pareciam apagar qualquer nostalgia do dia-a-dia. Pois é... Agora o presente está comigo! Nesse mês acho que tive um imenso avanço neste aspecto: quero trazer tais expectativas (agora modificadas, é claro!) para o meu momento atual. Quero fazer do meu dia-a-dia com Caetano sempre especial. Quero dar MOVIMENTO a tantas descobertas que estou vivenciando e que a INTENSIDADE brinde os nossos momentos...
Só sei que a cada dia sou coberta por uma imensidão de amor que jamais imaginava, tudo é muito diferente.
Fico feliz em poder ser a mãe desse menino da lua, sim porque ele nasceu em plena lua cheia, quando os ventos sopravam fortes e anunciavam que nosso ELO se fazia naquele instante...


“Quero te ver claro
Clareando a noite intensa deste amor
O céu é teu sorriso
No branco do teu rosto
A irradiar ternura
Quero que desprendas
De qualquer temor que sintas
Tens o teu escudo
O teu tear
Tens na mão, querida
A semente
De uma flor que inspira um beijo ardente
Um convite para amar" *







*composição de Renato Mota






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NOVAS MUDANÇAS


Seu rosto parece trazer uma serenidade que me acalma. Sua paz me aconchega abraçando-me para esse mundo maternal, seus raios de sorrisos já me dizem que tudo está passando, que logo serei a mãe que tanto pensei em Ser. SER que se transforma a cada instante, que está a buscar um cantinho para restaurar minhas forças. Sou feliz hoje quando penso que sou amante do seu nascimento, da maneira como veio ao mundo, como a Vida me abraçou de uma maneira diferente. A Vida em sua maneira mais cruel e mais humana, mais doce e amarga ao mesmo tempo, mais Cantada e mais sonhada. Se todas as mulheres pudessem cantar esse momento? Que canções teríamos?
Como foi um presente ter sentido os momentos, todos os momentos que antecederam esse nascimento, como foi bom encontrar minha própria força que jamais achei que tinha... Medo de não conseguir parir, como era forte em mim, medo de ter que recorrer a  intervenções, medo de correr riscos, tudo me vinha a mente... O Medo e a Força estavam muito presente, um limiar tão próximo que nem imaginava... Precisava gritar para os céus, precisava entender tal força em mim.  Precisava acreditar que podia PARIR como mãe que recorre aos Céus para trazer a Vida que está dentro de mim.
Hoje, quatro semanas se passaram do início de trabalho de parto, lembro como fosse ontem, tudo está tão forte em minha memória, os primeiros momentos que Caetano anunciou que chegaria ao mundo, eu, para variar com forte sensação de que estaria em trabalho de parto, mas, ao mesmo tempo, achando que era cansaço...
Meu Caetano está em meus braços, seu choro (que por sinal muito bravo), parece ser o mesmo daquele que reconheci no instante do nascimento.
Hoje, tenho a sensação que o tal de Baby blues está se indo... Já diminui as crises   de choro, digo diminui porque ainda me pego com algumas lembranças- e lágrimas no rosto é claro-  de quem eu era. Aqui eu percebo o quanto o PARTO simboliza esse ritual de PASSAGEM, DE MUDANÇA e de um (RE) CRIAR A SI MESMO.
A dificuldade se expressa neste instante em deixar que essa nova Julia chegue, sem medos... Olho para o Caetaninho e digo a mim mesma: "Você já está neste mundo? Foi tudo tão rápido que parece que sonhei que estava Grávida, o que fazer agora? ".
Mas, hoje, senti que o INSTINTO está acenando. Não quero mais escutar "o que devo", "como educá-lo"- o que me cansa muito-  mais, assumir que o instinto me ensinará, que ela será meu guia. Essa nova fase precisa penetrar mais em mim.   Preciso sentir o cheiro bom dessa tremenda TRANSFORMAÇÃO. É, realmente são nossas crias que nos GESTAM, que nos preparam para esse encantado mundo maternal. Escutei isso e agora consigo entender!
Cada respiração, cada olhar, cada afago me transforma  dia-a-dia. Ao mesmo tempo em que não sei aonde vou parar, mas só sei que meu caminho segue rumo ao ENCONTRO do meu pequeno anjo.
Um dia escutei da minha médica: "não se assuste se sentir no puerpério uma sensação de despersonificação". É assim que me encontro agora. Sem saber qual destino, qual o rumo tomo, sem reconhecer-me nas novas reações, naquilo que falo, confesso que com certo medo do que serei daqui adiante. O parto simbolizou ao mesmo essa estranheza de mim mesmo. Mas, a única certeza persiste. Uma nova mulher nasce em mim, aos poucos percebo feixes de ações que posso identificá-la. Caetano trouxe essa Mulher-Mãe que enxerga, sente o mundo de outra maneira. Meu Ser, por vezes, assusta com essa dimensão... Mas, sei que é preciso deixar que esse nascimento aconteça, a mãe do Caetano precisa Estar nesse tempo/ espaço.
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Escrito na quarta e quinta semana do Caetano
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