Passado essas semanas turbulentas
de extremo cansaço; sim, sobrevivi. Eu estou de volta tentando trazer mais um
pouco da vida que estamos passando com o pequeno... Fomos a congresso, ele
resistiu a mãe pirada para entregar um artigo, e conseguimos...
Bom, no meio desse processo,
alguns questionamentos pairavam aqui essa cabecinha meio “lelé da cuca”. Meu
pequeno Caetano estaria privado de socialização? Vou contar tim- tim por tim-
tim.
Foi assim: num dos nossos passeios, no parque aqui do bairro, Caetano deparou-se
com algumas crianças maiores brincando. Ele, que não adora, mas venera criança,
saiu gritando: - neném, neném! Eu , como sempre, acompanho para ver como ele
vai se enturmar com as outras crias. Eis que as crianças nem sequer deram bola
para o pequeno. Para falar a verdade, uma apenas que esboçou um tchauzinho. Ele
ainda insistiu, mas elas nem aí para ele. Aquilo me doeu. Logo veio imagens da
minha infância, sensações de “abandono” quando um grupo me ignorava, etc. O
fato que pensei: ele é muito pequeno para ter esse sentimento de rejeição. Não
quero que ele sinta isso (mãe coruja tentando proteger a prole, rsrs).
Na
verdade esse sentimento foi mais meu do que dele.
Mas sei que isso despertou em mim: Caetano precisa estar com outras crianças da
idade dele (isso não ocorre muito). Fiquei pensando também: Caetano DEVE
socializar-se? Quando é o MOMENTO CERTO? Perguntas bobas, que nem fazia quando
lecionava, porque lá no Nei as crianças são OBRIGADAS a socializarem-se.
Logo me lembrei de outras cenas:
uma vez uma vizinha (daquelas que bota a colher aonde não é chamada) falou-me:
“ah! Mas ele PRECISA ir para a escolinha!”; disse a ela que já tínhamos feito
essa escolha e que também sabíamos do que falávamos porque trabalhamos nisso.
Ela fez aquela cara de espanto e ainda completou: “minha neta com cinco meses
foi para a escolinha”. Fiz apenas uma “cara de paisagem” (lições brilhantemente
aprendidas com minha prima). Outra vez escutei de amigas que para conseguir dar
conta do doutorado “ele tem que ir para creche, não tem outra saída”, “ah, mas
tem creches e creches...”
Essas cenas despertaram em mim várias reflexões, dentre elas da NORMALIZAÇÃO de que TODA CRIANÇA DEVE IR PARA UMA ESCOLINHA. Parece ser consenso que isso É NECESSÁRIO . Parece que não tenho o direito de lutar por
querer ficar com o pimpolho, é como se eu o impedisse de convívio social.
Confesso que quando saí do
parque, fiquei bem confusa com isso, estava eu sendo negligente com o pequeno?
Mas, peraí: lembrei das inúmeras cenas de horror que ocorre na escola em nome da socialização
(sim, não digo que tudo é ruim). Lembrei que eu posso ter essa possibilidade (o
que não é possível a todas as mães, infelizmente) e eu tenho esse DIREITO de
ESCOLHA.
Minhas escolhas assim seguiram
por acreditar que um eixo educacional é de RESPONSABILIDADE dos pais e que a
escola nunca irá suprir essa base. Sei que, muito daquilo que estou ofertando
ao pequeno, sobretudo nessa primeira infância, servirá como eixo para a sua
vida adulta. Sei da importância da
presença dos pais na primeira infância. Sei das inúmeras inquietações que
passei nos NEIs em que dei aulas e, por isso, sei que é extremamente difícil
dar uma atenção diferenciada quando se tem até 25 crianças numa mesma sala.
Voltando nessa questão da
socialização: não estaria o pequeno Caetano socializando quando está em
família? Outra questão: quando está ele desapontando para as relações com os
pares, não seria importante o nosso olhar de pais? Ou seja, nesse instante não
devemos valorizar nossa permanecia com ele, orientando-lhe nas relações
estabelecidas? Acredito que a criança
conhece o mundo conforme lhe apresentamos. Portanto, há uma grande diferença de
“jogar a cria no mundo e deixar que ela se vire” e “apresentar-lhe o mundo, sem pressa
nenhuma”. Essa pressa pela socialização
parece que sucumbem ínfimos momentos da criança. Apressar ela para viver a socialização faz com que,
por vezes, viva coisas que não está
preparada.
É preciso uma boa dose de amor, de muita segurança no lar, de uma vida
sem atropelos, caso contrário, o que posso gerar é muito insegurança e
desarmonia na maneira como se relaciona.
É assim que temos apresentado
esse mundo ao Caetano. Com calma, sem atropelos e tentando gerar nele a
segurança que podemos dar.
Para rir das minhas inúmeras
perguntas, das inquietações que surgiram, ele nos presenteou com uma lição de
vida.
Num lindo sábado de sol, resolvemos ir num
parque. Logo ao chegar, ele recebeu todas as crianças com muitos abraços. Éh
sério, perdi as contas de quantas crianças ele corria para abraçar, gritando
“Nenémmm!”. Ele achou um amiguinho (um mês mais velho) e brincou muito. E como foi bom poder olhar, conduzir e estar
nesse momento com ele. Caetano nos mostrou o quanto vale apena ter calma... Ele
nos mostrou que sente o mundo e recepciona o mundo com muito carinho. Sei que nem todos estarão preparados para
tanto amor, mas está alí uma linda semente plantada no seu coração... E imagino
que pode o mundo ser constituído desses muitos afetos e pode o mundo zelar
pelas crianças sem que rotulemos as suas relações.
1 Fazer Comentários:
Ju...
LINDO! Simplesmente isso... voces estao mais do que certos ao apresentar o mundo ao pequeno Cae. Essa seguranca que os pequenos precisam soh pode vir dos pais (nucleo familiar). Percebo o mesmo com o Kiyo. Ele sabe o seu lugar no mundo, sempre gostou de conviver com outras criancas (apesar de soh ter ido para a escola aos 3 anos e alguns meses - pois pediu muito). Nao existe nada melhor do que poder ser testemunha desse desenvolvimento social e emocional dos pequenos. Parabens!!! E viva a cara de paisagem!!!!
Beijos
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